terça-feira, 4 de agosto de 2009

Feliz Aniversário














A mulher completava finalmente 40 anos e sentia-se a meio de tudo o que tinha sonhado e não chegara a viver. Já não vislumbrava nenhum caminho a seguir nem tão pouco as suas realizações a motivavam a voltar a sonhar.
Nestes dias a sua auto culpa, desmedida e quase sem remédio fraqueja-lhe os alicerces da sua esperança. Ignora as linhas de cabelos brancos com a mesma veleidade com que passa o olhar rápido pelas rugas suaves que lhe começam a moldar o rosto.

Enquanto olhava as velas do seu bolo imaginário apenas retia o deslizar triste da cera e dos sulcos profundos que rapidamente desapareciam no interior do chantily. E assim parecia-lhe a sua vida. Engoliu o trave acre de uma lágrima no interior de si e sorrindo disse: "não te direi nada que a vida não te ensine."

Fingiu dormir agarrada ao dorso do seu amante imaginário, herói da sua adiada tragédia e cúmplice de tantos segredos que ele apenas intuía. De manhã, deixando atrás de si o aroma do seu perfume de sempre esgueirou-se porta fora e desapareceu na neblina do novo dia.

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